No ano passado 34 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o
mundo.
Um em cada quatro brasileiros infectados com o vírus HIV
desconhece sua situação. A estimativa é do Ministério da Saúde, que lançou
campanha nesta terça-feira (20) para diagnóstico e tratamento de casos de AIDS
– o título da iniciativa é “Eu vivo com HIV e descobri a tempo de me cuidar”.
Segundo
números da pasta, há atualmente 530 mil pessoas com HIV no Brasil. Desse total,
135 mil (25,4%) não têm essa informação. Para Jarbas Barbosa, secretário de
Vigilância em saúde do ministério, fatores como preconceito e barreiras
culturais prejudicam o diagnóstico precoce da doença.
O
ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou que nos últimos anos houve avanços
no monitoramento clínico desses brasileiros. Há cinco anos, 32% dos casos foram
diagnosticados precocemente. Em 2011, o índice subiu para 36,7%.
“Esse
é um resultado que queremos perseguir fortemente. É bom para o paciente, porque
isso pode permitir uma melhor qualidade de vida (…) e muito bom para o
enfrentamento [da epidemia], porque reduz o risco de transmissão”, disse o
ministro em coletiva de imprensa.
A
campanha do ministério inclui a oferta na rede pública de saúde de teste rápido
para HIV/AIDS, sífilis e hepatites B e C – o resultado do exame, implantando em
2005, fica pronto em 30 minutos. Até setembro deste ano, já foram distribuídos
2,1 milhões de unidades do exame.
Novos
casos. Em 2011, foram registrados 38.776 novos casos de AIDS no país –o
que corresponde ao surgimento de 20,2 casos por 100 mil habitantes. O número é
o maior ao menos desde 2008, quando foram registrados 38.529 novos casos.
Naquele
ano, entretanto, a taxa de incidência da doença, que leva em conta o número de
casos pelo tamanho da população, era um pouco maior: 20,3 novos casos por 100
mil habitantes.
Houve
pequena queda, por outro lado, da mortalidade: de 5,7 casos por 100 mil
habitantes em 2010 para 5,6 casos no ano passado.
Segundo
dados da Unaids, no ano passado 34 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o
mundo. Em 2011, segundo o órgão, 7.000 novas infecções ocorreram por dia.
Norte
e Nordeste. Embora o Sudeste ainda concentre maior número de casos, o ministério
identificou maior ocorrência em outras regiões do país. “O Sudeste tem uma
tendência de redução do peso ao longo do tempo, porque outras regiões,
principalmente Norte e Nordeste, têm tido crescimento de casos de AIDS”, disse
o ministro.
Além
do aumento de casos nessas regiões, a pasta ainda identificou crescimento da
taxa de mortalidade. Para o secretário Jarbas Barbosa, esse movimento ocorre,
principalmente, devido a dois fatores: o fato de a doença ter chegado mais
tarde nessas regiões do que em outras, como o Sudeste, e a dificuldade de
acesso em determinadas localidades a diagnóstico e prevenção.
O
ministro Alexandre Padilha reconheceu a necessidade de ampliar a realização de
testes rápidos nas regiões e melhorar a qualidade dos serviços de saúde. “Temos
que reforçar a interiorização dos serviços de tratamento.”
Jovens
gays. O secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Jarbas Barbosa,
destacou ainda a preocupação com casos de infecção por HIV entre homens jovens
gays. No ano passado, esse público foi o alvo principal de campanha do governo.
Os
homens gays representam pouco mais da metade do universo de jovens entre 15 a
24 anos infectados com HIV. “Além de ser a maior proporção de casos nesse
grupo, tem uma tendência de crescimento”, disse Barbosa.
Copa. O secretário afirmou que
o ministério quer que, até o próximo ano, todas as capitais tenham um
equipamento móvel com o teste rápido do HIV. Em vans, profissionais da saúde
podem dar aconselhamentos e realizar testes perto de bares e boates gays.
A
intenção, disse Barbosa, é atingir “grupos mais vulneráveis”. Segundo o
secretário, esse atendimento móvel acontece hoje como um projeto-piloto em
cinco capitais. Esse atendimento, afirma, poderá ser realizado no próximo ano,
por exemplo, perto dos estádios que sediarão a copa das confederações.